Sustentando a terra de baixo para cima: desenvolvendo modelo conceitual de valoração dos serviços ecossistêmicos para solos tropicais
28 de March de 2019

O tema dos serviços ecossistêmicos do solo surge como uma abordagem inovadora com potencial para contribuir para a redução do processo de degradação do solo. Estimula uma melhor comunicação dos resultados científicos aos tomadores de decisão, apoiando uma conexão mais sólida entre ciência e política. Explorar o tema dos serviços ecossistêmicos do solo na região tropical é importante porque: I) é nesta região que estão os países com paisagens florestais importantes, como Brasil e Indonésia, e consequentemente podem sofrer muito com processos de desmatamento e degradação do solo; II) inclui países líderes na produção de produtos agrícolas; III) inclui os países mais pobres e, portanto, as populações mais vulneráveis ​​às injustiças sociais e ambientais. Estudos que busquem contribuir para o entendimento do cenário atual e guiar esforços para as próximas pesquisas na região tropical são urgentes e necessários, pois é por meio de medidas de conservação do solo que garantiremos o funcionamento dos ecossistemas.

Avaliação dos serviços ecossistêmicos do solo, modelagem e valoração de experimentos com diferentes métodos de manejo de forrageiras e restauração florestal no Brasil
Um dos maiores desafios sobre serviços ecossistêmicos do solo é a modelagem e a avaliação, já que ambos os tópicos são apresentados em apenas poucas publicações. Em workshops realizados, a partir de discussões entre os membros da rede de participantes e colaboradores do projeto, houve avanço no conhecimento sobre esses tópicos. Após pesquisas sobre os dados necessários, será desenvolvido um protocolo de campo para avaliar alguns dos serviços ecossistêmicos do solo. Além disso, será feita respirometria e analisada a capacidade de retenção de água do solo. Os dados obtidos no experimento de campo serão analisados, e adicionados detalhes da proposta no experimento de mudas e com pastagens. Os dados serão obtidos a partir de um experimento de dois anos (2016 – 2017) sobre o impacto de diferentes métodos de manejo (como calagem, fertilizante, biochar e leguminosas) na qualidade do solo e na produtividade das forrageiras. O experimento envolveu 80 parcelas experimentais com três diferentes gramíneas forrageiras tropicais em múltiplos ciclos de cultivo e forneceu um conjunto de dados robusto que serão utilizados, de forma pioneira, para propor novas abordagens para avaliar o SES. O SES será inicialmente classificado de acordo com Millennium Ecosystem Assessment (MEA, 2004), pela proposta pelo IPBES, e por outros modelos que surgirem durante a realização da primeira etapa da pesquisa. Em seguida, a opção de avaliação mais adequada será escolhida com base na literatura existente e na contribuição dos atores interessados.

Coleta, intercâmbio e disseminação de conhecimento na interface ciência-políticas públicas
Os resultados serão disseminados para públicos científicos e não científicos através de workshops e outras atividades de intercâmbio de conhecimento e comunicação sobre serviços ecossistêmicos do solo. O objetivo é que o modelo resulte numa melhor gestão do solo na prática. Por fim, serão apresentadas recomendações sobre a metodologia de valoração do solo e proposta a inclusão dos SES no contexto das políticas públicas brasileiras.

Até agosto de 2020, foram realizados quatro workshops, dois no Brasil e dois na Inglaterra. Em junho de 2019 foi realizada uma atividade de educação ambiental por meio de um método ativo de aprendizagem em uma escola do Rio de Janeiro, onde foram explicados conceitos de gestão de recursos ambientais, tragédia de bens comuns, ponto de inflexão e taxa de reprodução.

Foi realizada uma revisão sobre serviços ecossistêmicos do solo em políticas públicas no Brasil, que foi apresentada no terceiro workshop, realizado na PUC-Rio, em outubro de 2019. A rede de colaboradores foi ampliada e está sendo definida a estratégia de comunicação com os tomadores de decisão.

Em 2021, serão realizados entrevistas e workshops com formuladores de políticas públicas, especialistas que participam do processo de transferência de conhecimento sobre SES e com produtores rurais.

Publicações relacionadas ao projeto:

Latawiec, A. E.; Strassburg, B. B. N.; Junqueira, A.; Araujo, E.; Moraes, L. F.; Alves-Pinto, H.; Castro, A.; Rangel, M. C.; Malaguti, G.; Rodrigues, A.; Barioni, L. G.; Novotny, E. H.; Cornelissen, G.; Mendes, M. S.; Da Silva Batista, N.; Guerra, J. G.; Zonta, E.; Jakovac, C.; Hale, S. Biochar amendment improves degraded pasturelands in Brazil: environmental and cost-benefit analysis. Scientific Reports, 2019.
https://www.nature.com/articles/s41598-019-47647-x

Latawiec, A. E.; Seraphim, M. V. P.; Pena, I. A. B.; Monteiro, L.; Gomes, F. D. Games and the Communication of Ecosystem Services to Non-Scientific Audience. Modern Concepts & Developments in Agronomy, 2019.
https://crimsonpublishers.com/mcda/pdf/MCDA.000598.pdf

Vídeos:

1° workshop De Volta às Raizes: O valor que vem da terra, realizado em março de 2019 na PUC-Rio: https://www.youtube.com/watch?v=DZbqRdJQp5Q&t=496s
On-farm biochar production and practical application in Brazil: https://www.youtube.com/watch?v=RZ9tWPE299M&t=79s

Educação ambiental em espaços formais – Jogo da Pescaria https://www.youtube.com/watch?v=l_X1hwPBvs4&t=223s

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