A rede de Unidades de Conservação (UC) é sistematicamente enviesada para locais remotos e improdutivos. Consequentemente, os processos que ameaçam a biodiversidade não são minimizados e o impacto da conservação – definido como os resultados ambientais benéficos decorrentes da proteção comparado a um cenário de não intervenção – é menor do que pensado. No entanto, muitos planos de conservação ainda têm como objetivo a representação de espécies, o que não necessariamente leva a um aumento no impacto da conservação, por não considerar as ameaças que elas enfrentam, como conversão de terra e mudanças climáticas. Nesse artigo buscamos identificar as prioridades espaciais de conservação que minimizem o risco de conversão de terra, e ao mesmo tempo, retenham locais de alto valor para a biodiversidade de plantas ameaçadas em um cenário de mudanças climáticas no Cerrado Brasileiro. Nós comparamos um método de implementação sequencial de ações de conservação com uma estratégia estática aplicada a um intervalo de tempo. Para ambos os cronogramas de ações de conservação, utilizamos dois métodos para estabelecer prioridades: i) um que minimiza a conversão de habitats esperada e prioriza locais de grande importância para as plantas ameaçadas (maximizando assim o impacto da conservação), e (ii) outro que prioriza os locais baseando-se somente na sua importância para as plantas ameaçadas, independentemente de sua vulnerabilidade à conversão de terra (maximizando a representação). Nós encontramos que os cenários que visam maximizar o impacto da conservação minimizaram não só a perda de vegetação, como também protegeram grandes proporções da distribuição de espécies dentro de UCs e áreas prioritárias. Dado que o planejamento para evitar a perda de vegetação fornece esses benefícios, informações referentes à vegetação poderiam representar um substituto confiável para a biodiversidade em geral. Além de permitir a realização de dois objetivos distintos (representação e impacto), as estratégias de impacto também possuem grande potencial de implementação sob as atuais políticas de conservação.
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