BBC Brasil divulga o estudo, elaborado pelo CSRio IIS e parceiros, que mostra que em 30 anos o cerrado brasileiro pode ter maior extinção de plantas da história
Fonte: BBC Brasil
Read moreO artigo publicado no dia 23 de março de 2017, na revista Nature Ecology & Evolution, mostra que o avanço do desmatamento no Cerrado poderá resultar na extinção de 1140 espécies de plantas nos próximos 30 anos, um número oito vezes superior a todas as espécies de plantas registradas como extintas desde 1500 em todo o mundo. Mas os autores sinalizam que esse quadro pode ser evitado sem ocasionar prejuízos para a agricultura, e apontam para uma série de políticas públicas e privadas já em implementação ou desenvolvimento que, caso coordenadas e com foco neste objetivo, poderiam evitar o quadro de extinções projetado. O estudo internacional foi coordenado por pesquisadores brasileiros.
Read moreBrasil pode perder até 1140 espécies se seguir com o modelo atual O avanço do desmatamento no Cerrado poderá resultar na extinção de 1140 espécies de plantas nos próximos 30 anos, um número oito vezes superior a todas as espécies de plantas registradas como extintas desde 1500 em todo o mundo, mostra um estudo internacional coordenador por brasileiros publicados nesta quinta-feira, 23, na Nature Ecology and Evolution. Por outro lado, os autores demonstram que este quadro é evitável sem prejudicar a agricultura, e apontam para uma série de políticas públicas e privadas já em implementação ou desenvolvimento que, caso coordenadas e com foco neste objetivo, poderiam evitar o quadro de extinções projetado. Segundo Bernardo Strassburg, coordenador do estudo, Diretor Executivo do Instituto Internacional para a Sustentabilidade e Coordenador do Centro de Ciências para a Conservação e Sustentabilidade do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC-Rio, o Cerrado já perdeu praticamente metade de sua área, mas ainda reúne 4600 espécies de plantas que não existem em nenhum outro local do planeta. Se o ritmo do desmatamento continuar, daqui a 30 anos, o Cerrado ficará ainda menor, perdendo mais um terço do tamanho atual, em consequência do desmatamento para a expansão da soja, cana de açúcar e pastagens. Nos últimos anos, o Cerrado já perdeu 88 milhões de hectares, 46% de sua cobertura nativa. Entre 2002 e 2011, as taxas de desmatamento na região (1% ao ano) foram 2,5 vezes mais altas do que na Amazônia. “O Cerrado brasileiro abriga uma coleção enorme de espécies únicas no mundo, que é a base deste bioma tão fundamental para a economia, segurança hídrica e energética do país. O que identificamos é que a progressão do desmatamento levará a um quadro de extinções de espécies de plantas em escala jamais registrada no mundo. Este quadro, irreversível e lamentável por si só por razões morais, teria impactos graves para a manutenção deste ecossistema fundamental para a economia e a sociedade brasileira”, diz ele. É justamente na combinação de políticas públicas e privadas que reside o potencial maior para evitar o colapso do Cerrado. Os autores selecionam oito grandes áreas e políticas estratégicas já em implantação ou desenvolvimento pelo Ministério do Meio Ambiente e outros atores que, caso implementadas, financiadas apropriadamente e executadas com um foco também em evitar as extinções do cerrado, poderiam promover a conciliação entre a produção e a conservação. É o caso, por exemplo, da Moratória da Soja, uma história de sucesso na Amazônia, onde praticamente eliminou a conversão direta de floresta para a soja. Caso fosse estendida ao Cerrado, como defendido publicamente pelo Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, seria um gigantesco passo para assegurar um futuro sustentável para a região. A demarcação de áreas protegidas, financiamento para conservação (inclusive relacionados às mudanças climáticas) e um foco em identificar áreas prioritárias para a conservação, restauração e expansão agrícola são outras medidas essenciais. “Não é preciso reinventar a roda, as políticas necessárias já existem e foram usadas com sucesso na Amazônia no passado recente. O necessário agora é ter também como foco prioritário evitar este quadro preocupante. Há espaço suficiente para conciliar o aumento da produção agrícola e a conservação e restauração do que sobrou do Cerrado. Não é simples, mas com um esforço concentrado dos atores públicos e privados envolvidos, e a pressão adequada da sociedade para que as políticas tenham o apoio e o financiamento necessários, o Brasil pode reverter um gigantesco desastre em uma grande história de sucesso”, explica Strassburg. A baixa proteção formal – menos de 10% do Cerrado é coberto por Unidades de Conservação – e alta aptidão agrícola colocam os remanescentes de cerrado como a grande fronteira de expansão do agronegócio. Aliado a isso, a região ainda atrai poucos investimentos diretos em conservação, embora seja fundamental para os recursos hídricos e até para as metas nacionais e internacionais de combate as mudanças climáticas: o desmatamento projetado levaria a emissão de 8,5 bilhões de toneladas de CO2, o equivalente a duas vezes e meia tudo o que o Brasil deixou de emitir com a grande queda do desmatamento da Amazônia entre 2005 e 2013. “Esses números colocariam em risco a reputação internacional do Brasil como líder em economia verde ou desenvolvimento sustentável. Colocaria também o agronegócio brasileiro como responsável por uma das maiores tragédias já registradas para a biodiversidade mundial, justamente em um momento onde os principais mercados consumidores estão construindo metas de exclusão de cadeias associados ao desmatamento e degradação ambiental”, complementa Strassburg. Os pesquisadores mostram que é possível conciliar todo o aumento previsto de soja, cana e pecuária em áreas já desmatadas, e ainda liberar áreas para a recuperação da vegetação nativa exigida no código florestal. Aumentando a produtividade das áreas já dedicadas a pecuária de 35% para 61% de seu potencial sustentável, seria possível encaixar os mais de 15 milhões de hectares de expansão de soja e cana e ainda 6,4 milhões de hectares para a recuperação da vegetação nativa. “A chave para destravar um future sustentável para o Cerrado está no potencial para aumentar a taxa de lotação das pastagens, abrindo espaço para a expansão prevista de culturas agrícolas e ao mesmo tempo poupando e restaurando ambientes naturais para a notável biodiversidade da região. Com um apoio político robusto, este desastre pode ser evitado”, diz o Professor Andrew Balmford da Universidade de Cambridge, e coautor do estudo. “O aumento da produtividade da pecuária pode ser feito através das técnicas que já existem como pastejo rotacional ou suplementação alimentar. Porem vários obstáculos, como escassez de mão de obra e aspectos financeiros, devem ser superados para acompanhar os produtores nessa transição” complementa Agnieszka Latawiec, Diretora Executiva do Instituto Internacional para Sustentabilidade e Coordenadora do Centro para Ciência de Conservação e Sustentabilidade da PUC-Rio. Esta recuperação da vegetação nativa tem papel fundamental para evitar o colapso: se for realizada em áreas prioritárias para a biodiversidade, poderiam evitar até 83% das extinções projetadas. “A nova Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, criada por decreto presidencial
Read moreEstudo coordenado pela diretora do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), coordenadora do Centro de Ciências para Conservação e Sustentabilidade do Rio (CSRio) e professora do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Agnieszka Latawiec, e outros 10 especialistas das instituições colaboradoras do Brasil e do exterior, constatou que a escassez de mão de obra é o principal problema que afeta a adoção de boas práticas na pecuária, apontado por 36% dos 250 produtores consultados em Mato Grosso. Os altos custos da implementação das boas praticas foram apontados como segundo gargalo mais importante (de acordo com 18% dos produtores entrevistados) Segundo a pesquisa, mesmo que o crédito esteja teoricamente disponível, ele não é necessariamente acessível para o produtor devido a burocracia extrema. A deficiência no acesso a serviços de extensão técnica foi apontada pelos produtores como uma barreira significativa, além da questão da qualidade dessa assistência, pois 40% da assistência técnica é atualmente fornecida por fornecedores de fertilizantes e outros produtos químicos. O estudo, que gerou o artigo Melhorar a gestão da terra no Brasil: uma perspectiva dos produtores publicado na revista cientifica Agriculture, Ecosystems & Environment, também identificou que para a maioria dos entrevistados (60%) o principal benefício da adoção de boas práticas agropecuárias era o aumento da produtividade, seguido por aumento de renda (43%) e melhor manejo administrativo da fazenda (34%). De acordo com Agnieszka, este é o primeiro estudo a avaliar sistematicamente e quantitativamente as barreiras e as condições de adoção de boas práticas agropecuárias nas pastagens brasileiras levando em consideração opinião dos produtores, atores chaves envolvidos na implementação dessas práticas na Amazônia. “É absolutamente fundamental ouvir os produtores para chegarmos ao uso mais sustentável da terra no Brasil. Existem poucos estudos deste tipo, é necessário fazer a ponte com o produtor, de forma sistemática, quantificada e estatisticamente robusta, e trazer essa informação para os tomadores de decisão”, acrescentou. Ela acrescenta que o Brasil ainda pratica uma pecuária de relativamente baixa produtividade em relação com o potencial sustentável que tem, com impactos sociais e ambientais muito significativos como o desmatamento na área ambiental. “Hoje, a média de produtividade nas fazendas da região estudada é de, aproximadamente, uma cabeça por hectare. Para ser sustentável, o ideal seria, pelo menos, dobrar essa média. Em algumas áreas no Brasil esse número é ainda pior. E com isso, grandes áreas foram desmatadas para sustentar a pecuária extensiva” explicou Agnieszka. A adoção das boas práticas pode ajudar o produtor rural a melhorar a qualidade das pastagens e aumentar a produtividade (cabeças por hectare). Mas o estudo também aponta o possível efeito contrário dessa ‘intensificação sustentável’ – efeito rebote (‘rebound’). “É muito importante que qualquer intervenção na terra, como a intensificação, seja feita de uma forma sustentável e, no caso da intensificação, com aumento da produtividade controlada e complementada por políticas públicas de conservação, evitando a ocupação de novas terras e gerando menos desmatamento”, ressaltou Bernardo Strassburg, coautor do estudo e diretor do IIS. O estudo mostra ainda outras implicações, como os efeitos negativos da pecuária extensiva que degrada o ambiente, o solo e a água, e que pode ser ruim para os animais, além de poder ser associada com pobreza e desmatamento. “Portanto, os resultados publicados nesse estudo são cruciais. A falha em considerar a opinião do produtor vai continuar a contribuir para a perda da vegetação nativa e da degradação do meio ambiente e, pode fazer com que o quadro de pobreza entre a população rural persista”, finalizou Agnieszka.
Read moreÉ com muita satisfação que o CSRio divulga a publicação de dois artigos, em parceria com pesquisadores renomados, no volume especial sobre regeneração natural da Revista Biotropica (volume 48, edição 6). Os artigos “Regeneração Natural e biodiversidade: meta-análise global e implicações para planejamento espacial” e “O papel da regeneração natural para provisão de serviços ecossistêmicos e disponibilidade de habitat: um estudo de caso na Mata Atlântica Brasileira” são gratuitos para leitura e download.
Read moreNo dia 15 de abril de 2016 o Centro de Ciências para Conservação e Sustentabilidade do Rio (CSRio) foi oficialmente lançado. O CSRio foi criado em 5 de novembro de 2015 pela Comissão Geral do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) em parceria com o Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS). No lançamento estavam presentes a ex Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, o diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), o vice-reitor da PUC-Rio Josafá Carlos de Siqueira, os diretores do IIS e coordenadores do CSRio Bernardo Strassburg e Agnieszka Latawiec, a equipe do IIS, representantes de diferentes departamentos da PUC-Rio, entre outros.
Read moreMobilidade entre alunos de graduação e/ou outros membros da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade de Opole (Polônia) para fins de aprendizagem A PUC-Rio e a Universidade de Opole (Polônia) firmaram uma cooperação através do Programa Erasmus +. O Erasmus + é um programa da União Européia para a educação, formação, juventude e desporto. Uma das 3 ações chaves do Programa é a Mobilidade individual para aprendizagem, que oferece oportunidades aos indivíduos para que eles possam melhorar as suas competências, melhorar sua empregabilidade e ganhar consciência cultural. Portanto, através dessa cooperação alunos e/ou demais pessoas do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC-Rio e o Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Opole terão a oportunidade de agregar/compartilhar conhecimento e experiências, ter uma nova experiência cultural, melhorar suas competências, entre outros ganhos pessoais e profissionais.
Read moreO projeto teve como objetivo avaliar o sucesso da restauração em projetos realizados na cidade do Rio de Janeiro através do uso de indicadores de sustentabilidade (ecológicos, econômicos e sociais). Os parceiros do projeto são: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Columbia University, Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro (SMAC). Considerando a complexidade dos fatores ecológicos, econômicos e sociais na área originalmente ocupada pela Mata Atlântica, a avaliação de iniciativas de restauração no bioma através de indicadores de sustentabilidade simboliza um importante passo para a consolidação de uma visão mais integrada da restauração. O uso de indicadores de sustentabilidade representa um grande potencial para avaliação de projetos de restauração em ecossistemas com elevada diversidade (e.g. Floresta Tropical) e estrutura social heterogênea, com elevados contrastes socioeconômicos (e.g. cidade do Rio de Janeiro). Dentro do contexto regional, nacional e internacional de desmatamento e onde ambiciosas metas de restauração têm sido impostas, destaca-se, na cidade do Rio de Janeiro desde a década de 1980, o projeto “Mutirão de Reflorestamento”, coordenado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro (SMAC). Uma característica marcante do Mutirão de Reflorestamento, além da restauração de cerca de 3.000 hectares de floresta nativa, é o envolvimento com a comunidade e a geração de postos de trabalhos voluntários nas etapas de implantação e manutenção do projeto. Dessa maneira, o sucesso do Mutirão de Reflorestamento pôde ser avaliado pela aceitação e envolvimento da comunidade local e suas percepções sobre os benefícios dos serviços ambientais providos pela restauração para o bem-estar humano. A partir disso, pode-se gerar uma conscientização sobre a importância de proteger e restaurar os ambientes naturais. A inclusão dos moradores locais em projetos de restauração em comunidades pode trazer benefícios como geração de renda, proximidade entre moradia e local de trabalho e percepção de benefícios ambientais providos pela restauração, como a melhoria da qualidade do ar. A integração com a comunidade estimula a continuação e desenvolvimento destes projetos, a partir do momento em que os próprios mutirantes passam a ser responsáveis pelos resultados alcançados, estimulando o resgate do sentimento de orgulho próprio e identidade local. Considerar a participação dos moradores para avaliar projetos de restauração e outros de cunho ambiental, é uma das principais ferramentas para identificar e planejar ações focadas na melhoria do meio ambiente e do espaço para que os investimentos sejam adequados e possibilitem o sucesso e menor conflitos entre a comunidade e o poder público. Por isso a importância de levar em conta as recomendações propostas pelos participantes da pesquisa para a melhoria do projeto. Estágio: encerrado.
Read moreReconhecendo que o sucesso de soluções teóricas para uma maior sustentabilidade da agricultura depende do sucesso de sua implementação no campo, o CSRio junto ao IIS está realizando um estudo para investigar as oportunidades e desafios da adoção de novas técnicas pelos agricultores. Uma das questões cruciais é como traduzir os resultados da análise científica para a prática diária dos agricultores. A variedade de aspectos da agricultura sustentável está sendo considerada. Por exemplo, o acesso ao crédito, assistência técnica, mercado para produtos sustentáveis da agricultura, regulamentação, compreensão, e requisitos para produtos, da agricultura sustentável. O estudo é composto por análises qualitativa e quantitativa, e envolve a revisão de literatura, grupos focais, entrevistas com informantes-chave, bem como meta-análise dos dados quantificáveis. Estágio: em andamento Publicações relacionadas ao projeto: LATAWIEC, A. E.; RODRIGUES, A. F.; KORYS, K. A.; MENDES, M.; RANGEL, M.; CASTRO, A.; TEIXEIRA, W.; VALENTIM, J. F.; ARAUJO, E.; MORAES, L. F. D.; PACHECO, V.; MENDES, M.; DELA PICCOLLA, C.; STRASSBURG, B. B. N.; KUBON, M.; DROSIK, A.; GOMES, F. D.; REID, B.; KRIEGER, J. M.; DIB, V.; ZMARŁY, D.; NETO, E. C. S. Biochar and Forage Peanut improves pastures: Evidence from a field experiment in Brazil. Agriculture, Ecosystem and Environment, v. 353, n. 108534, 2023. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0167880923001937?via%3Dihub
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